José Reinaldo Carvalho -
Neste 11 de setembro de 2025, o Brasil testemunhou um julgamento que já
se inscreve entre os mais importantes da história republicana. Pela
primeira vez na história, um ex-presidente da República é punido pela
Corte Suprema por tentativa de golpe de Estado. Foi condenado e vai
pagar severa pena de prisão um dos mais abjetos seres nascidos em solo
brasileiro, comparável a Silvério dos Reis e aos generais fascistas que
chefiaram a ditadura militar durante 21 anos praticando crimes de
lesa-pátria e lesa-humanidade, como torturas e assassinatos de patriotas
e democratas.
Bolsonaro foi condenado por crimes tipificados no
Código Penal, crimes graves contra a democracia. A decisão da Corte foi
resultado de uma investigação rigorosa da Procuradoria-Geral da
República (PGR), que reuniu provas robustas sobre a tentativa de
subversão da ordem constitucional e a prática de atos de corrupção,
terrorismo e conspiração contra as instituições.
O
voto do ministro relator Alexandre de Moraes destacou a gravidade dos
atos, apontando como Bolsonaro e seus asseclas atuaram para corroer as
bases democráticas da República. Bolsonaro alimentou um projeto de poder
autoritário, buscando implantar no Brasil um regime de feições
fascistas e agindo para perpetuar-se no poder por meio do golpe pelo
qual é condenado agora. Ele efetivamente montou uma engrenagem golpista,
baseada no seu clã, em oficiais das Forças Armadas e militares
subalternos, policiais e políticos ultradireitistas. Com estes cúmplices
promoveu ataques sistemáticos às urnas eletrônicas, disseminou o ódio
contra adversários, incentivou a violência armada e realizou diversas
ações visando à ruptura institucional.
O ápice desta escalada foi a
ocupação dos quartéis em todas as principais cidades do país, os
atentados terroristas em 12 e 24 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de
2023, quando prédios dos Três Poderes foram depredados em Brasília. A
tentativa de golpe fracassou, mas deixou explícito o crime que, se
consumado, lançaria o país na longa noite de uma nova ditadura
fascista.
A condenação agora imposta, com a pena de 27 anos e
três meses de prisão, conduz Bolsonaro não apenas ao cárcere, mas ao
lixo da história. Também serão presos, com elevadas penas, generais,
ministros e operadores civis que sustentaram a engrenagem golpista e
autoritária.
Para quem observa e vive intensamente a luta política
no país, a condenação de Bolsonaro não está desvinculada de sua
trajetória política e do modo como exerceu o mais alto cargo da nação.
Bolsonaro nunca foi uma liderança legítima ou reformadora. Deputado
irrelevante por quase três décadas, construiu sua imagem explorando o
ódio à política, os ataques a minorias e a nostalgia de setores
militares pela ditadura. Sua ascensão se deveu a ressentimentos
acumulados na sociedade e ao golpe contra a presidenta Dilma Rousseff em
2016, que acarretou também a injusta prisão de Luiz Inácio Lula da
Silva.
Elegeu-se presidente como chefe de uma súcia de
reacionários, aventureiros, corruptos e ativistas da extrema direita.
Ele desonrou o país em toda a linha, vilipendiou os direitos sociais, as
liberdades políticas, os direitos humanos, violou as leis, mentiu,
prevaricou, praticou desmandos, atos de corrupção, genocídio,
desmoralizou o país no concerto internacional.
O mandato
presidencial de Bolsonaro foi uma verdadeira tragédia para o Brasil. A
economia entrou em declínio, o desemprego e a fome cresceram, os
direitos sociais foram atacados e os serviços públicos enfraquecidos. A
condução criminosa na pandemia deixou um rastro de morte e sofrimento.
Literalmente, Bolsonaro promoveu um genocídio contra o povo brasileiro.
No campo internacional, o país passou de protagonista a pária. O que nos
governos de Lula e Dilma havia sido uma política externa altiva e
ativa, transformando o Brasil em polo de integração e liderança global,
foi reduzido a submissão e isolamento ao imperialismo estadunidense. Por
fim, liderou uma organização criminosa armada e encetou uma intentona
golpista.
A condenação de Bolsonaro e de seus cúmplices é uma
vitória do povo brasileiro. Representa a resposta firme das instituições
contra o arbítrio, a interrupção de um ciclo de trevas e o início de
uma nova etapa de reconstrução. Foi também uma demonstração de que o
país não se vergou às pressões, chantagens e ameaças de Donald Trump.
O
11 de setembro de 2025 ficará registrado como o dia em que a Justiça
venceu o arbítrio, e em que a democracia provou ser mais forte que o
fascismo. Bolsonaro, que tentou se erguer como tirano, termina como
criminoso condenado, desprezado pelo povo e relegado à condição de
figura infame na história nacional.
Para os democratas e
progressistas, é um momento de celebração, mas também de alerta: a luta
contra as tendências ditatoriais é permanente. Agora, o país ingressa em
nova fase da luta política em defesa da democracia. Os bolsonaristas,
embora desmoralizados, vão tentar por todos os meios reverter a justa
decisão da Justiça. As forças democráticas e progressistas devem elevar o
grau de unidade e mobilização para impedir o retrocesso e garantir que
intentonas golpistas se repitam.
O ocaso de Bolsonaro contrasta
com a perspectiva da nação brasileira na construção de seu futuro
democrático e progressista, sob a liderança do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. A resistência e a luta nacional para consolidar a
democracia fazem parte do enfrentamento às pressões e ameaças do
imperialismo estadunidense, relacionadas às suas ambições de domínio
político e econômico sobre a América Latina e ao propósito de salvar seu
apaniguado que acaba de ser condenado.
A liderança do presidente
Lula é decisiva para combater essas ameaças e prosseguir seu empenho
para garantir a conquista de direitos democráticos e sociais pelo povo
brasileiro.
O Brasil segue em frente, mais consciente de quem são
seus inimigos e mais decidido a nunca mais permitir que a
extrema-direita reduza o país à condição de colônia do imperialismo e
apanágio da violência, da mentira e da destruição.