domingo, 30 de dezembro de 2018

Como se formou o patrimônio de São Francisco das Chagas de Caiçara

por Jacinto Pereira

clip_image002

Antônio Pereira Brandão, filho de Evaldo Pereira Brandão e neto de Antônio Pereira Brandão. Procurador das terras do Patrimônio de São Francisco de Caiçara

Meu bisavô Antônio Pereira Brandão, homem religioso, encabeçou a iniciativa de construir a Capela de Caiçara em sua terra (segundo me informou Francisco das Chaga Brandão, seu neto, em uma entrevista gravada em fita cassete, que mantenho até hoje em meu poder). Conforme informou Chagas Gil, como era mais conhecido o meu tio Francisco da chagas Brandão, foi seu avô Antônio Pereira Brandão que escolheu o lugar da construção. Marcou o lugar onde devia ficar o altar e mediu 50 passos ou metros para cada lado, que deveria ser o quadro da igreja. Circundando esse quadrado, ficava um espaço para circulação de pessoas e animais e depois o local onde deveria ser construídas casas em forma de ruas. Seus filhos, Juntamente com outros moradores das proximidades, construíram a igrejinha. A pedra fundamental foi colocada em setembro de 1923. A capela foi feita de taipa e coberta de telhas. Só muitos anos depois é que a capela de taipa foi substituída por uma feita de tijolos e coberta de telhas e foi dedicada a São Francisco das Chagas.  Depois da capela construída, o pároco da paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Acaraú, vinha celebrar em Caiçara, que fazia parte de sua paróquia. Com o crescimento da comunidade de Caiçara e de outras comunidades ao seu redor, sentiram necessidade da presença constante de um vigário para atender a essa região, que ficava há mais de cinco léguas da sede da paróquia. Fizeram reivindicação ao pároco para que a Diocese providenciasse um padre. Diante da situação, o pároco falou da questão da manutenção de um vigário em Caiçara. Segundo meu pai, a solução proposta, foi criar um patrimônio que rendesse dinheiro para cobrir as despesas da capela, do padre e das festas. Então ficou acertado que os proprietários de terras em volta da capela, doassem uma légua quadrada de terras, com a capela no centro, que seriam aforadas(arrendadas) para quem quisesse fazer uso dessas terras.. Quem não tivesse terra, também podia participar doando animais e outros bens. Se isto fosse  feito, a Diocese mandaria um padre para ficar na Caiçara.  A comunidade se mobilizou e conseguiu a doação de grande parte das terras dentro da légua exigida pela diocese. Também foi conseguida uma quantidade razoável de animais, que junto com as terras, formavam o “Patrimônio de São Francisco das Chagas de Caiçara” (como está citada em documentos em). Porém, aconteceu que a Diocese não cumpriu a sua parte, ou seja, não mandou um padre para residir em Caiçara. A comunidade, Mesmo sem o padre, manteve a sua parte no acordo. A equipe para arrecadar e administrar os valores era chefiada pelo senhor José João de Araújo, que estabeleceu procuradores para a cobrança de aforo (taxa de uso). A parte norte a partir da capela, meia légua norte/sul e uma légua de nascente/poente, ficou a cargo de meu pai, Antônio pereira Brandão, para localização e cobrança. Muitas vezes acompanhei meu pai para fazer as medições para a cobrança de aforo. . A parte sul ficou a cargo de outra pessoa. As faixas de terras nem sempre eram só meia légua, quem doou só fez doação da parte que ficou dentro da meia légua. Meu avô Evaldo Pereira Brandão por exemplo, doou somente meia légua. O irmão dele, Gil Pereira Brandão, não fez doação de terra, preferindo vender ao senhor Américo Sales Rocha, conforme cópia do contrato de compra e venda que mantenho em meu poder. Os animais doados ficaram a cargo do senhor Samuel, compadre de meu pai, que ficou sendo vaqueiro. Nas festas da Capela, a comunidade se mobiliava para adquirir doações de prendas para os leilões, que eram outra fonte renda para a capela

Maiores detalhes constam das  minhas pesquisas históricas de minha comunidade e do meu Distrito de Caiçara.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Origem do Sítio Cavalo Bravo

por Jacinto Pereira de Souza

DSC00258

O nome ‘Cavalo Bravo’ surgiu por volta de 1880. O nome surgiu de um cavalo que existia e pastava nos arredores de uma colina, morro ou alto (antigas dunas de areia), que ficou conhecido como ‘Alto do Cavalo Bravo’. O cavalo era muito bravo, principalmente quando estava com seu lote de éguas. Estava sempre atento a qualquer barulho desconhecido. Diante de qualquer alerta, se dirigia imediatamente ao pico desse monte para olhar. Se a ameaça fosse outro cavalo, ele o confrontava e era implacável com os seus rivais. Sua principal estratégia  era: Se a suposta ameaça vinha de um lado do alto  ele corria para o outro. Em muitos anos, não apareceu um cavalo que lhe destronasse do rebanho de éguas. Papai dizia que esse cavalo era bravo porque era valente para outros animais. Mas era manso com gente, pois seu proprietário às vezes usava como animal de sela para suas viagens. A comunidade de Cavalo Bravo é formada pelas famílias que moram em torno desse alto, principalmente a Família Brandão.

Antônio Pereira Brandão, filho de João Pereira Brandão, proveniente da localidade de Lagoa Salgada, próximo à cidade de Acaraú, construiu o sítio que veio a se chamar Sítio Cavalo Bravo em homenagem ao cavalo descrito acima. Antônio Pereira Brandão e sua esposa Raquel Aparecida do Nascimento, ao falecer deixaram essa terra como herança param seus filhos: Sabino, Leôncio, Evaldo, Gil, Rosa, Fausta, Raimunda, Maria e Zifirina. Coube a cada um deles, quarenta e duas braças (cada braça equivale a dois metros), três palmos e uma polegada de largura por uma légua de comprimento. A parte onde ficava a casa e as árvores plantadas, ficou para Gil Pereira Brandão, Ele vendeu para Américo Sales Rocha. Após o falecimento do senhor Américo, eu comprei de sua esposa, a senhora Raimunda Sales Rocha. Comprei a terra em 1973, juntamente com dois afilhados de meu pai, José, filho de seu compadre Samuel e José, filho de seu irmão e compadre Manoel Raimundo Brandão. Eu fiquei apenas com sete hectares, onde ficava a sede da propriedade. Ainda conheci a casa onde meu bisavô Antônio Pereira Brandão morou. As benfeitorias incluíam além da casa, quinze pés de coco, três pés de laranja, uma cajazeira e um pé de groselha, deixados por ele, que era meu bisavô. Enquanto a terra pertenceu ao senhor Américo Sales  Rocha e sua esposa, meu pai arrendava. Na qualidade de arrendatário, papai plantou coqueiro, cajueiro, carnaubeira, além de outras plantações agrícolas. Passei muitos anos longe de meu sítio, mas agora estou plantando e zelando outra vez.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

ONILDO BARBOSA- TOADA- OU LULA , OU SEU CANDIDATO.