domingo, 24 de novembro de 2024

A Diocese de Sobral tenta tomar as terras que a Comunidade de Caiçara conseguiu para gerar renda para manter um padre permanentemente nessa comunidade

 

 

Por Jacinto Pereira

Tenho lido muitas postagens nas redes sociais sobre a questão entre a diocese de Sobral e a comunidade de Caiçara em Cruz-CE sobre uma disputa pelas terras e resolvi falar um pouco do que ouvi de meus parentes mais velhos sobre como a comunidade se mobilizou para trazer um vigário para prestar seu serviço religiosos na capela que meu bisavô inaugurou em 1880 e reformou em 1923 e dedicou a São Francisco das Chagas.

Meu bisavô Antônio Pereira Brandão, o homem que construiu a capela de Caiçara em 1880, ao falecer deixou de herança para cada um de seus nove filhos, uma faixa de terra com quarenta e duas braças, três palmos e uma polegada de largura por uma légua de comprimento, que ia do travessão das pedrinhas, que foi construído pelos meus antepassados, até a terra da Marinha no litoral. Agora a pergunta que não quer calar: Porquê que nenhuma dessas nove pessoas proprietárias de terra em Caiçara, não constam no documento da terra do Patrimônio de São Francisco das Chagas de Caiçara, apresentado pela Diocese de Sobral, sendo que grande parte das terras que ela diz serem suas, ficam dentro da terra que pertenceu a meu bisavô e herdadas pelos seus filhos? Com certeza essas terras herdadas estão registradas em cartório, eu tenho em meu poder alguns documentos que provam isso. Aproximadamente 830 metros de largura por uma légua de fundo localizada dentro dos limites do documento apresentado e os seus donos não são citados como doadores ou vendedores de suas terras, como se explica isso? Foi  a comunidade que se mobilizou para conseguiu as terras que a diocese pediu para gerar renda para manter a capela funcionando, para que a diocese pudesse  trazer um padre para residir em Caiçara, mas a diocese não cumpriu a sua parte. Vale ressaltar que a diocese de Sobral não colocou nenhum centavo para adquirir as terras que formavam o "Patrimônio de São Francisco das Chagas de Caiçara". Este era o nome oficial registrado em cartório. A comunidade  fez a sua parte no trato providenciando um patrimônio que ia gerar renda, mas a diocese não fez a sua parte fornecendo um vigário para residir em Caiçara. Portanto, não podia se considerar dona desse patrimônio, mas assim mesmo, ela se apossou do patrimônio que a comunidade conseguiu com seus próprios esforços.

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