Ataques voltaram a se intensificar na região nesta semana após trégua temporária
Crianças palestinas desamparadas em Gaza (Foto: Reuters/Mohammed Salem)
DUBAI (Reuters) – O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza
disse nesta quinta-feira que 17.177 palestinos foram mortos e 46.000
ficaram feridos em ataques israelenses em Gaza desde 7 de outubro.
O porta-voz Ashraf Al-Qidra afirmou que 350 palestinos foram mortos e 1.900 ficaram feridos nas últimas 24 horas em Gaza.
Lula e Scholz: estreitamento de laços históricos entre Brasil e Alemanha Foto: Ricardo Stuckert
Na retomada da parceria estratégica Brasil-Alemanha,
o presidente Lula e o chanceler alemão, Olaf Scholz, assinaram, nesta
segunda-feira (4), em Berlim, uma declaração conjunta de intenções. Por
meio do ato, serão realizados projetos que busquem, entre outras
medidas, uma transformação ecológica socialmente justa, com iniciativas
que gerem emprego e renda no Brasil e ampliem janelas de cooperação
entre empresários dos dois países.
A declaração conjunta foi assinada após os dois líderes participarem,
junto com os respectivos ministros, da segunda Reunião de Consultas
Intergovernamentais de Alto Nível, o mais elevado mecanismo
teuto-brasileiro. A única vez em que essa reunião aconteceu foi em 2015.
Em declaração à imprensa, ao lado de Scholz, Lula afirmou que os dois
países estão trabalhando para recuperar o dinamismo da parceria. “A
reunião de hoje trouxe excelentes resultados e traça um caminho para a
nossa cooperação daqui em diante”, disse Lula.
“Adotamos a Parceria para uma Transformação Ecológica e Socialmente
Justa. Vamos reforçar a robusta cooperação na área ambiental, que inclui
o Fundo Amazônia e muitos outros projetos. Queremos atuar juntos na
promoção da industrialização verde, a agricultura de baixo carbono e a
bioeconomia”, prosseguiu o presidente.
Lula relatou ter conversado com Scholz sobre as medidas que o governo
brasileiro tem tomado para cumprir a meta de zerar o desmatamento até
2030 e combater os ilícitos ambientais. “Este ano, reduzimos o
desmatamento na Amazônia em quase 50%”, disse o presidente.
Segundo ele, outro tema tratado com o líder alemão foram as ameaças à
democracia e ao Estado de Direito. Nesse contexto, um dos acordos
bilaterais firmados foi a Declaração de Intenções Conjunta sobre
Integridade da Informação e Combate à Desinformação .
Esse acordo prevê ações de cooperação nas áreas de promoção da
integridade da informação, combate à desinformação e defesa das
instituições democráticas, além de regulação de serviços digitais e
educação midiática. “Concordamos em atuar juntos no enfrentamento de
forças antidemocráticas que atuam de forma coordenada internacionalmente
e fomentam o extremismo”, afirmou Lula.
Cooperação técnica
Ainda durante a declaração à imprensa, o presidente Lula ressaltou
que a Alemanha é o mais tradicional parceiro do Brasil em matéria de
cooperação técnica e financeira. Anunciou que o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o banco de fomento alemão
KfW vão estreitar ainda mais a parceria, que já dura 60 anos.
O presidente também lembrou que a Alemanha é o primeiro país do G20
que ele visita depois que o Brasil assumiu, em 1º de dezembro, a
presidência rotativa do grupo, que reúne 19 das maiores economias do
mundo mais a União Europeia e a União Africana.
“Reafirmei as prioridades da presidência brasileira em combater as
desigualdades, a pobreza, a fome, a mudança do clima e discutir a
reforma das estruturas da governança global”, disse.
Lula voltou a defender novos integrantes no Conselho de Segurança da
ONU e disse que o organismo criado no pós-guerra, em 1945, precisa
refletir a realidade geopolítica atual e fazer valer as decisões tomadas
em grupo, sobretudo as ambientais. O chanceler alemão manifestou
concordância com a posição brasileira.
Acordo Mercosul-UE
Lula contou ter conversado com o chanceler alemão sobre os esforços do Brasil para concluir o Acordo MERCOSUL-União Europeia.
“São quase 23 anos de esforços inconclusivos. Na próxima
quinta-feira, na Cúpula do Mercosul, teremos um momento decisivo nessa
negociação. Reiterei ao chanceler a expectativa de que a União Europeia
decida se tem ou não interesse na conclusão de um acordo equilibrado.
Num contexto de fragmentação geopolítica, a aproximação entre nossas
regiões é central para a construção de um mundo multipolar e o
fortalecimento do multilateralismo”, disse o presidente.
Lula assegurou que continuará trabalhando para que o acordo entre os
blocos aconteça. “Sou um homem muito crente. Sou um homem que não
desiste”, afirmou. “Não vou desistir enquanto não conversar com todos os
presidentes e ouvir um não de todos”.
Ao seu lado, Scholz manifestou o apoio da Alemanha ao acordo. “O
Brasil e a Alemanha apoiam a celebração do Acordo União
Europeia-Mercosul. Vamos envidar esforços adicionais para que esse
acordo possa ser concluído”, afirmou o chanceler.
Empregos no Brasil
A respeito da parceria estratégica com o Brasil, Scholz destacou que,
desde 2008, os dois países têm colhido benefícios e que ambos trabalham
em prol da sustentabilidade, da proteção da natureza e da
descarbonização da economia. O chanceler também agradeceu a Lula por ter
resgatado a proteção das florestas como pauta prioritária. “Queremos
lhe agradecer do fundo do coração por isso”, afirmou.
Scholz, porém, observou que a parceria entre os dois países só terá
sucesso se for socialmente justa. Nesse sentido, afirmou que a Alemanha
trabalhará para que, através desses acordos bilaterais, sejam criados
empregos no Brasil.
“Nós associamos o potencial do Brasil ao interesse da Alemanha no
hidrogênio verde, o que seria profícuo para ambas as partes. Nós também
queremos criar empregos in loco, ou seja, criar empregos no Brasil
através da transformação de matérias-primas no Brasil. Senhoras e
senhores, o Brasil é o nosso principal parceiro comercial na América
Latina. Temos mais de 1.100 empresas [brasileiras] na Alemanha”,
declarou o chanceler.
Retomada
A visita de Lula a Berlim é mais um passo no esforço de reinserção do
Brasil no mundo, após quatro anos de um isolamento provocado pela
desastrada política externa do governo passado, que levou o país à
condição de pária internacional.
A agenda de Lula em Berlim começou com uma reunião, nesta
segunda-feira (4), com o presidente da Alemanha, Frank-Walter
Steinmeier. Investimentos em infraestrutura via Novo PAC, avanços no
processo de melhoria do cenário econômico brasileiro, reafirmação da
prioridade à proteção ambiental e uma perspectiva de almejar
protagonismo na transição energética foram alguns assuntos discutidos.
Na sequência, Lula teve um encontro com a presidenta do Senado,
Bundesrat, e Governadora de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Manuela
Schwesig. O presidente teve ainda uma reunião com parlamentares da
coalizão governista.
Outro compromisso foi um encontro com o chanceler Olaf Scholz e altos
representantes de empresas alemãs e brasileiras. Além disso, Lula
participou da sessão de encerramento do seminário empresarial
Brasil-Alemanha.
O resultado veio melhor do que a expectativa do mercado
Banco Central (Foto: Divulgação)
SÃO PAULO (Reuters) -
O Brasil teve déficit em transações correntes de 230 milhões de dólares
em outubro, com o déficit acumulado em 12 meses totalizando o
equivalente a 1,62% do Produto Interno Bruto, informou o Banco Central
nesta segunda-feira (4).
O resultado veio melhor do que a expectativa do mercado, conforme
pesquisa da Reuters com especialistas, que apontava para um saldo
negativo de 399 milhões de dólares em outubro.
Em outubro de 2022, o Brasil havia registrado déficit em transações correntes de 5,808 bilhões de dólares.
No mês, os investimentos diretos no país alcançaram 3,306 bilhões de
dólares, bem abaixo dos 4,6 bilhões de dólares projetados na pesquisa e
dos 5,826 bilhões do ano passado.
No mês, segundo o BC, houve ingressos líquidos de 4,7 bilhões de
dólares em participação no capital e saídas líquidas de 1,4 bilhão em
operações intercompanhia.
No mês, a conta de renda primária apresentou déficit de 4,223 bilhões
de dólares, ante rombo de 4,568 bilhões de dólares no mesmo período do
ano anterior.
As despesas líquidas com lucros e dividendos, associadas aos
investimentos direto e em carteira, totalizaram 2,8 bilhões de dólares,
ante 3,5 bilhões em outubro de 2022.
Já as despesas líquidas com juros somaram 1,4 bilhão de dólares em
outubro de 2023, 334 milhões acima do resultado de outubro do ano
anterior.
Em outubro deste ano, a balança comercial teve superávit de 7,372
bilhões de dólares, bem acima dos 2,009 bilhões de dólares no mesmo mês
de 2022. As exportações de bens totalizaram 29,7 bilhões de dólares,
aumento de 7,6% na comparação interanual, enquanto as importações de
bens recuaram 12,7%, a 22,3 bilhões de dólares.
Já o rombo na conta de serviços ficou em 3,548 bilhões de dólares, contra 3,566 bilhões de dólares em outubro do ano anterior.
(Por Camila Moreira. Edição de Luana Maria Benedito)
Países fizeram parceria relacionada também ao combate à desinformação
Lula e Olaf Scholz durante coletiva de imprensa conjunta em Berlim, Alemanha 04/12/2023 (Foto: Ricardo Stuckert)
Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro alemão,
Olaf Scholz, assinaram, nesta segunda-feira (4), uma declaração conjunta
de intenções durante a 2ª Reunião de Consultas Intergovernamentais de
Alto Nível, em Berlim, na Alemanha
O documento engloba instrumentos de cooperação em áreas como meio
ambiente e mudança do clima, agricultura, bioeconomia, energia, saúde,
ciência, tecnologia e inovação, desenvolvimento global, integridade da
informação e combate à desinformação. Os acordos já vêm sendo discutidos
há meses.
Em declaração à imprensa após o encontro, Lula destacou a amplitude
dos atos. “Adotamos a parceria para uma transformação ecológica e
socialmente justa. Vamos reforçar a robusta cooperação na área ambiental
que inclui o Fundo Amazônia e muitos outros projetos. Queremos atuar
juntos na promoção da industrialização verde, agricultura de baixo
carbono e da bioeconomia”, detalhou Lula.
O chanceler Olaf Scholz endossou a disposição dos dois países em
lutar em prol da sustentabilidade e da descarbonização das indústrias.
Segundo Scholz, o país europeu vai lançar projetos para contribuir com a
meta brasileira de alcançar o desmatamento zero até 2030. “Queremos
criar indústrias neutras e promover pesquisa em matéria climática. Essa
transição só será bem sucedida se for socialmente justa”, disse,
explicando a intenção de gerar empregos no Brasil através da
transformação de matérias-primas.
“Os nossos ministros assinaram mais de uma dúzia de declarações de
intenção para dotar essa parceria de conteúdo. Isso passa por uma
cooperação aprofundada nos setores de energias renováveis e hidrogênio.
Nós associamos o potencial do Brasil ao interesse da Alemanha ao
hidrogênio verde”, acrescentou Olaf Scholz.
Informação
Outro ato assinado hoje foi a declaração sobre integridade da
informação e combate a desinformação. O chanceler alemão disse que os atos de 8 de janeiro,
quando vândalos invadiram as sedes do Três Poderes, em Brasília, foram
um “evento triste”, com “imagens horríveis”. “Não só as janelas do
palácio foram quebradas. Se quebrou algo em matéria de democracia. Ficou
claro que nossas democracias têm que ser resilientes, por isso vamos
combater a desinformação, as campanhas de ódio nas redes sociais”,
disse.
Lula acrescentou que as “forças antidemocráticas” atuam
internacionalmente de forma coordenada para fomentar o extremismo, por
isso a importância do acordo bilateral.
As Consultas de Alto Nível são o mais elevado mecanismo
teuto-brasileiro, que teve sua única reunião em Brasília, em 19 e 20 de
agosto de 2015. A então Chanceler Angela Merkel visitou o Brasil
acompanhada de sete ministros e cinco vice-ministros federais. A partir
do encontro de hoje, os dois países realizarão as consultas a cada dois
anos.
A presidência brasileira no G20, que teve início em 1º de dezembro, e
o acordo Mercosul-União Europeia também foram discutidos na reunião.
Na agenda de hoje, Lula também tem reunião com altos representantes
de empresas alemãs e brasileiras e participa da sessão de encerramento
do seminário empresarial Brasil-Alemanha. Segundo Lula, será a
oportunidade para apresentar os projetos do Novo Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC).
Agenda
O presidente desembarcou em Berlim neste domingo (3). Antes da Europa, Lula esteve no Oriente Médio
onde participou da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima (COP 28), em Dubai, nos Emirados Árabes. O presidente também
cumpriu agendas em Riade, na Arábia Saudita, e em Doha, no Catar.
A programação da comitiva brasileira na capital alemã
teve início ainda ontem, com um jantar de trabalho oferecido pelo
chanceler Olaf Scholz. Nesta segunda-feira, Lula iniciou o dia numa
agenda com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e, na
sequência, com a presidenta do Conselho Federal da Alemanha, Manuela
Schwesig.
Com Frank-Walter Steinmeier, o presidente tratou sobre investimentos
em infraestrutura via Novo PAC; avanços no processo de melhoria do
cenário econômico brasileiro; reafirmação da prioridade à proteção
ambiental e uma perspectiva de almejar protagonismo na transição
energética. De acordo com o Palácio do Planalto, durante o diálogo, o
presidente alemão agradeceu, “em nome da Alemanha e do mundo”, a
retomada da proteção do meio ambiente e da Amazônia com as políticas
adotadas desde janeiro de 2023 pelo governo federal.
Já o encontro com Manuela Schwesig teve o objetivo de profundar as
relações entre governadores de regiões da Alemanha com o Brasil, ampliar
cooperações já existentes no setor de bioenergia e sinalizar novas
oportunidades para a relação entre empresários do Brasil e do país
europeu. O Conselho Federal da Alemanha reúne governos locais, no que
seria uma espécie de Senado, numa comparação com os moldes de governo
brasileiro. A presidente da entidade também é governadora de
Meclemburgo-Pomerânia Ocidental.
Em comunicado, a Presidência da República informou ainda que Lula e
Schwesig reforçaram a importância da democracia, “em especial diante de
ameaças representadas pela extrema-direita”. “Schwesig agradeceu a volta
de um Brasil democrático e saudou a longeva e sólida relação entre
Brasil e Alemanha, inclusive com empresas do seu estado com negócios em
bioenergia no Brasil, no Paraná e Santa Catarina, aproveitando sobras da
criação de animais para gerar energia”, diz.
Terceira maior economia mundial, atrás dos Estados Unidos e da China,
a Alemanha é um importante parceiro do Brasil, sobretudo nos campos
tecnológico e industrial. Mais de mil empresas alemãs atuam em
território brasileiro e, segundo o Banco Central, o país germânico é a
oitava maior fonte de investimentos no Brasil, com US$ 23,73 bilhões em
estoque.
O comércio bilateral alcançou US$ 19 bilhões em 2022. Entre janeiro e outubro de 2023, já somou US$ 15,9 bilhões.
Guerras
Durante a conversa com a imprensa, o presidente brasileiro e o
chanceler alemão foram questionados sobre as posições diferentes sobre o
conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, na Faixa de Gaza.
Enquanto o Brasil defende um cessar-fogo permanente, a Alemanha defende o
direito de Israel “se defender e derrotar o Hamas”.
Lula disse que os conflitos internacionais não foram objeto de ampla
discussão na reunião de hoje e que continuará brigando pela paz e pela reforma dos organismos internacionais,
capazes de decidirem sobre as controvérsias do mundo. Para o
presidente, o ato do Hamas foi terrorista e irresponsável, ao atacar
Israel, e as Nações Unidas deveriam ter interferido para evitar a
intensificação do conflito.
“A única solução para o conflito entre Israel e os palestinos é a
consolidação de dois países, para viverem nos seus territórios
pacificamente, harmonicamente. E é preciso ter vontade. Já conversei com
muita gente de Israel e da Palestina, mas parece que tem gente que não
quer paz, que não quer dois países. O povo quer, quem não quer é porque
tem outros interesses”, afirmou, lamentando a grande quantidade de
mortes de mulheres e crianças na Faixa de Gaza. “Ninguém deve morrer por
irracionalidade de chefes de governos, de grupos, ninguém deve ser
vitimado pela irracionalidade”, acrescentou.
O chanceler Olaf Scholz endossou a necessidade de se evitar as
vítimas civis e defendeu a entrada de ajuda humanitária duradoura em
Gaza. Sholz concorda com a importância de reforma da governança global e
disse que s agressão a países vizinhos é inaceitável.
“O ataque do Hamas é um crime hediondo, que violou todos os
princípios da humanidade. Por isso que Israel tem direito a autodefesa,
que também deverá ter direito de derrotar o Hamas e impedir que conduza
novos ataques”, disse o alemão. Para ele, ao fim da guerra, é possível
um futuro que passa pela convivência de dois Estados. “Mas não é
possível com o Hamas, que quer destruir Israel. Agora, a perspectiva de
paz com dois Estados e com autogestão por parte dos palestinos é uma
ideia que apoiamos”, completou.
No dia 7 de outubro, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, lançou um ataque surpresa de mísseis contra Israel
e a incursão de combatentes armados por terra, matando civis e
militares e fazendo centenas de reféns israelenses e estrangeiros. Em
resposta, Israel bombardeou várias infraestruturas do Hamas, em Gaza, e
impôs cerco total ao território, com o corte do abastecimento de água,
combustível e energia elétrica.
Os ataques já deixaram milhares de mortos, feridos e desabrigados nos dois territórios. A guerra entre Israel e Hamas
tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por
diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem
israelenses e palestinos.
Por outro lado, professores, cientistas e médicos são considerados os mais confiáveis
Plenário da Câmara dos Deputados
(Foto: REUTERS/Adriano Machado)
247 - Pesquisa
do instituto intitulada "Confiabilidade Global" revela que as
categorias profissionais que os brasileiros menos confiam são os
políticos, ministros e funcionários de gabinetes, além de banqueiros.
Segundo a coluna do jornalista Lauro Jardim,
do jornal O Globo, o estudo aponta que a desconfiança em relação aos
políticos atingiu um índice de 66%, superando a média global de 60%.
Ministros e funcionários de gabinetes também foram alvo de descrença,
registrando 55% no Brasil, ante 53% em nível mundial. Os banqueiros,
por sua vez, foram desaprovados por 49% dos brasileiros, enquanto a
média internacional foi de 38%.
“Padres, pastores e líderes religiosos vieram em seguida, com 39% de
descrença entre os brasileiros (abaixo da média global, de 40%). O ‘top
cinco’ ficou completo com os juízes, cujo índice de desconfiança da
população foi de 38% (lá fora, o patamar foi de 31%)”, destaca a
reportagem.
A pesquisa revela, ainda, que os profissionais mais confiáveis aos
olhos dos brasileiros são os professores, com um índice de confiança de
64%. Cientistas também desfrutam de uma boa reputação, com 59% de
aprovação, seguidos pelos médicos, que conquistaram a confiança de 56%
da população.
A Ipsos destaca que o Brasil se destaca globalmente como o terceiro
país que mais confia em seus professores, ficando atrás apenas da
Indonésia (74%) e Chile (64%). Em contraste, países como Japão (20%),
Coreia do Sul (34%) e Polônia (38%) demonstram uma confiança menos
expressiva em seus docentes.
A pesquisa foi realizada entre os dias 26 de maio e 9 de junho, com mil entrevistados no Brasil.
"É a primeira vez que florestas vêm falar por si", disse o presidente Lula na COP28
Evento sobre Florestas: Protegendo a Natureza para o Clima, Vidas e Subsistência na COP28, Dubai, EAU (Foto: Ricardo Stuckert)
Agência Brasil - O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste sábado (2), que são
os países ricos que devem pagar a conta pela preservação das florestas.
Ao discursar em reunião na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas de 2023 (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Lula
destacou que essa é a primeira vez, em 28 anos de COPs, que as
"florestas falam por si”.
“É a primeira vez que as florestas vêm falar por si. É a primeira vez
que nós estamos dizendo: não basta evitar desmatamento, é preciso
cuidar da floresta, cuidar das pessoas que moram na floresta, e cuidar
da biodiversidade da floresta. Isso custa muito dinheiro, e os países
ricos têm que ajudar a pagar essa conta. É isso que nós queremos nesta
COP”, afirmou.
O presidente participou, ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, de evento chamado Protegendo a Natureza para o Clima, Vidas e
Subsistência, que reuniu especialistas, representantes de povos de
florestas e chefes de Estado de países com florestas, como o presidente
da França, Emannuel Macron, devido a posse sobre o território da Guiana
Francesa, aqui na América do Sul.
Lula cedeu seu tempo de fala para a ministra Marina uma vez que ela
cresceu nos seringais da floresta amazônica, no Acre. O presidente
chorou ao lembrar a história de vida da ministra.
“Eu não poderia utilizar a palavra sobre a floresta, se tenho no meu
governo uma pessoa da floresta. A Marina nasceu na floresta, se
alfabetizou aos 16 anos. Eu acho que é justo que, para falar da
floresta, ao invés de falar o presidente, que é de um Estado que não é
da floresta, a gente tem é que ouvir ela, que é a responsável pelo
sucesso da política de preservação ambiental que nós estamos fazendo no
Brasil”, destacou.
Em seu primeiro dia, na quinta-feira (30), a COP28 aprovou um fundo climático
para financiar perdas e danos de países vulneráveis. O objetivo do novo
fundo é ajudar as nações pobres a lidar com desastres climáticos.
Polícias ambientais do Brasil
A ministra Marina Silva fez um breve relato das políticas do governo
federal para preservação da floresta, destacando as ações de combate ao
desmatamento ilegal da Amazônia que, de acordo com Marina, foram
responsáveis por reduzir a derrubada da floresta em 49,5% nos 10
primeiros meses de governo, “evitando lançar na atmosfera 250 milhões de
toneladas de CO₂. Se não fossem suas medidas, teríamos um aumento do
desmatamento de 54%”.
Marina também destacou as políticas para os povos indígenas e
quilombolas como essenciais para preservação das florestas. “Os povos
originários são responsáveis por 80% das florestas protegidas do mundo, e
o povo quilombola agora também tem uma mulher, uma mulher negra,
Anielle Franco, uma jovem que está ajudando a proteger floresta com o
povo quilombola”, ressaltou.
Ainda segundo a ministra do Meio Ambiente, a política do governo não é
setorial, mas está em todos os ministérios e citou, como exemplo dessa
abordagem sistêmica, o Plano de Transformação Ecológica apresentado pelo Ministério da Fazenda.
Referindo-se ao presidente Lula, a ministra afirmou que "sua diretriz
para proteger a floresta é mais do que comando e controle [fiscalização
e repressão], é uma diretriz de desenvolvimento sustentável em suas
quatro dimensões: na dimensão ambiental, na dimensão social, na dimensão
econômica e na dimensão cultural.”
Nesta COP, o Brasil apresentou proposta
para que os países com Fundos Soberanos invistam, ao menos, US$ 250
bilhões em um Fundo para manutenção das florestais tropicais de todo o
mundo.