Segundo o parlamentar, a
apreciação da matéria às pressas, na Câmara, foi uma “reação que
aconteceu pela força econômica de lobbies organizados
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), denunciou
a ação coordenada das elites econômicas e financeiras do País com seus
apoiadores no Congresso Nacional como causa da derrubada hoje (25/6) de
três decretos do presidente Lula que ajustam o Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF). “Todo esse discurso de ajuste fiscal vira falácia, a
hipocrisia da elite brasileira é uma só: eles falam de ajuste fiscal
quando é em cima dos pobres, e dos trabalhadores; gritam, não querem
pagar um centavo, juntam-se todos”.
Segundo o parlamentar, a apreciação da matéria às pressas, na Câmara,
foi uma “reação que aconteceu pela força econômica de lobbies
organizados, porque infelizmente o povo trabalhador, o povo pobre tem
dificuldade de chegar” ao Congresso Nacional. “O prejuízo para o País é
muito grande, vai levar a um contingenciamento de 12 bilhões de reais,
vai cortar programas sociais, como o Pé-de-Meia, Minha Casa, Minha
Vida”, lamentou o líder do PT. A matéria agora será analisada pelo
Senado.
Para o líder, “há abutres de plantão querendo atrapalhar o presidente
Lula”, pois a aprovação da medida vai significar profundos cortes nos
programas sociais. “Não querem deixar as elites, o andar de cima pagar
impostos. Há sempre gente pronta para defender, e querem fazer isso,
porque existem uns que acham que querem e podem garrotear o Lula”,
denunciou o parlamentar.
Medo de Lula
Ao retirar 12 bilhões de reais do Orçamento, a oposição e as elites
revelam, segundo Lindbergh, medo de Lula nas eleições de 2026. Ele
ironizou os sabotadores do governo, ressaltando que, com o terceiro
mandato, Lula resgatou o país do cenário desastroso deixado pelo governo
militarista Bolsonaro.
Hoje, disse Lindbergh, o Brasil registra o menor índice de desemprego
e a maior renda dos trabalhadores da série histórica, a menor taxa de
desigualdade, de acordo com o Índice de Gini, além de mais de 20 milhões
de pessoas terem saído da insegurança alimentar graças às ações do
Governo Lula.
Privilégios dos ricaços
Ele denunciou que é perceptível, no Congresso Nacional, a influência
de grandes empresários e bilionários, que pagam pouco ou nada de
imposto. Enquanto um assalariado que ganha cerca de 5 mil reais por mês
paga 27,5% de Imposto de Renda, ricaços que ganham mais de 2 milhões de
reais por mês pagam pouco mais de 1%, lembrou o líder.
Afora isso, isenções tributárias de 800 bilhões de reais beneficiam
diferentes setores econômicos. “O que eu mais vejo são grandes
empresários, milionários, que frequentam os fóruns econômicos deste País
e dizem lá: “Ajuste fiscal, ajuste estrutural!”, bradam no alto de suas
fortunas. É um absurdo!”, exclamou o líder petista.
Ele criticou duramente a elite econômica e financeira do País por
defender o desatrelamento do salário mínimo às aposentadorias da
Previdência Social. “O que eles querem? Que um aposentado ganhe menos de
um salário mínimo?”
Lindbergh defendeu veementemente a legitimidade dos decretos
assinados pelo Presidente Lula, cujo objetivo central é garantir
equilíbrio fiscal e justiça tributária. E elogiou a conduta do ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, por estar expondo à sociedade brasileira a
injustiça fiscal e tributária do País.
Coalizão contra o povo
Lindbergh criticou também o Congresso Nacional por não fazer avançar
legislação que coíba supersalários no serviço público, acima do teto de
46 mil reais. Segundo ele, é “escandaloso” o fato de a matéria não ter
encaminhamento, por força de lobby do Judiciário e do Ministério
Público.
“Isso não anda, e é escandaloso um desembargador ganhar 400 mil
reais, 500 mil reais e não se vota o teto, que é o que ganha um ministro
do Supremo Tribunal Federal. Todos falam, mas é uma coalizão contra o
povo”, disse Lindbergh Farias.
O deputado elogiou o Presidente Lula. “O senhor está do lado certo, a
nossa opção é pelo povo trabalhador, e nós não vamos ter medo de fazer
essa disputa política”, afirmou Lindbergh.
O líder do PT também desmentiu que Lula, junto com Haddad, aumentem
impostos, como dissemina nas redes sociais a oposição, constituindo “uma
das maiores fake news da história do País”. Lembrou, por exemplo, que
hoje o trabalhador que ganha dois salários mínimos não paga imposto de
renda. No governo Bolsonaro, a isenção era aplicada para apenas quem
ganhava até 1.903 reais, além de a tabela do IR não ser reajustada
sequer pela inflação.
Ele destacou a importância do projeto que vai isentar de IR quem
ganha até 5 mil reais mensais, beneficiando também os que estão na faixa
seguinte, de até 7 mil reais. Isso significa que 92% dos trabalhadores
vão ter redução de imposto, pela coragem do Presidente Lula”, reiterou
Lindbergh Farias.
Ricaços têm de pagar imposto
Para fazer a justiça tributária e fiscal, entretanto, é necessário
cobrar os ricaços. “Está certo o ministro Fernando Haddad quando disse
que os moradores da cobertura têm que pagar condomínio, e se acham no
direito de não pagar”, observou o líder do PT. Ele informou que 0,01% da
população brasileira, que integra o andar de cima, paga média de
alíquota efetiva de Imposto de Renda de 1,76%, enquanto uma professora
da rede municipal ou um gari, no Rio de Janeiro, pagam 27,5%.
Lindbergh recordou que na magistral obra Os Donos do Poder, o jurista
Raymundo Faoro definiu bem as oligarquias brasileiras. “Em oposição ao
povo encontram-se as elites que irão apresentar, em termos éticos,
segundo Faoro, características perversas. Em primeiro lugar, são dotadas
de uma profunda indiferença em relação ao outro — é o que a gente vê
neste País —, expressa na clivagem entre o país real, o do povo, dos
excluídos, dos miseráveis e o país dos donos do poder”, assinalou.
Segundo o líder do PT, as observações de Faoro são atualíssimas. “É
essa coalizão econômica e política que querem impor, para impor
retrocesso, desvincular o salário mínimo da Previdência, saúde e
educação”.
Redação PT na Câmara