segunda-feira, 14 de julho de 2025
Repórter Ceará: Assembleia Legislativa aprova manifesto em defesa do Brasil e da soberania nacional
O documento suprapartidário reafirma o compromisso do Poder Legislativo cearense com a soberania nacional, a democracia, as instituições brasileiras, as empresas e a população
Durante a sessão plenária desta quinta-feira, 10, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) aprovou, com 32 votos favoráveis, o “Manifesto em Defesa do Brasil” em resposta ao comunicado oficial da Presidência dos Estados Unidos, que propõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados e sugere interferência no Poder Judiciário brasileiro em troca de um possível recuo tarifário.
O documento suprapartidário reafirma o compromisso do Poder Legislativo cearense com a soberania nacional, a democracia, as instituições brasileiras, as empresas e a população. Segundo o presidente da Alece, deputado Romeu Aldigueri (PSB), que fez a leitura do manifesto, ressaltou que a tarifa não corresponde à boa relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos e ainda ameaça a soberania brasileira.
“Tal comunicação oficial do Presidente dos Estados Unidos não corresponde a histórica boa relação diplomática entre os dois países, entre os dois Estados Nacionais, aos princípios constitucionais das duas Cartas Magnas das duas nações, e ameaça a soberania brasileira, atingindo o Estado Brasileiro, as empresas brasileiras e, em especial, a população brasileira”, salientou.
O esforço para elaboração do documento contou com a articulação da presidência da Casa, junto ao deputado Salmito Filho (PSB), e enfatiza a urgência e a importância da defesa do Brasil, posicionando-a acima de quaisquer diferenças político-partidárias.
“Esse manifesto não fortalece a polarização, mas fortalece a defesa do nosso País, da nossa população. A iniciativa do presidente Romeu cumpre o nosso papel como parlamentar. Não pode um presidente de outro país querer ditar o que o Poder Judiciário faça isso ou aquilo e impor uma tarifa em 50% às empresas brasileiras”, protestou.
Romeu Aldigueri frisou ainda que o documento conta com assinaturas de deputados e deputadas de todas as correntes ideológicas e partidárias. Segundo ele, o manifesto será enviado para o Colégio de Presidentes das Assembleias Legislativas do Brasil. “Esse manifesto, suprapartidário e supraideológico, visa um único objetivo: defender o Brasil e a sua soberania”, acentuou.
Os deputados Cláudio Pinho (PDT), Salmito Filho (PSB), Alcides Fernandes (PL), De Assis Diniz (PT), Carmelo Neto (PL), Renato Roseno (Psol), Sargento Reginauro (União), Queiroz Filho (PDT), Guilherme Sampaio (PT), Acrísio Sena (PT) e Larissa Gaspar (PT) discursaram no plenário sobre o conteúdo do manifesto.
Votaram a favor da proposta dos deputados Acrísio Sena (PT), Agenor Neto (MDB), Almir Bié (Progressistas), Antônio Granja (PSB), Bruno Pedrosa (PT), Daniel Oliveira (MDB), Davi de Raimundão (MDB), David Durand (Republicanos), De Assis Diniz (PT), Felipe Mota (União), Fernando Hugo (PSD), Guilherme Bismarck (PSB), Guilherme Landim (PSB), Gordim Araújo (PSDB), Heitor Férrer (União), Jeová Mota (PSB), Jô Farias (PT), João Jaime (Progressistas), Juliana Lucena (PT), Keivia Dias (PSD), Larissa Gaspar (PT), Leonardo Pinheiro (Progressistas), Luana Régia (Cidadnia), Marcos Sobreira (PSB), Marta Gonçalves (PSB), Missias Dias (PT), Nizo Costa (PT), Pedro Lobo (PT), Renato Roseno (Psol), Salmito (PT), Stuart Castro (Avante) e Tin Gomes (PSB).
Oito parlamentares votaram contrário ao manifesto, são eles: Antonio Henrique (PDT), Alcides Fernandes (PL), Carmelo Neto (PL), Cláudio Pinho (PDT), Lucinildo Frota (PDT), Queiroz Filho (PDT), Pedro Matos (Avante) e Sargento Reginauro (União).
Confira o manifesto na íntegra:
Manifesto em Defesa do Brasil
Existem desafios históricos que nos convocam a ações e compromissos que vão além das nossas convicções partidárias e ideológicas.
Um desses desafios históricos é a defesa do Brasil, especialmente da sua soberania, das suas instituições que compõem o Estado Brasileiro, da democracia, das empresas e da população brasileira.
Convido, à luz do bem comum, representando a população, compromisso inerente ao Poder Legislativo no Estado Democrático de Direito, todos e todas PARLAMENTARES de todas as matizes ideológicas e partidárias (liberais, conservadores, progressistas, de direita, de esquerda, de centro) a PUBLICAMENTE ASSUMIR O COMPROMISSO EM DEFESA DO BRASIL.
A carta do Presidente dos Estados Unidos, enviada em 9 de julho de 2025 ao Presidente do Brasil, não condiz com a relação diplomática pacífica, de bons parceiros comerciais, inclusive na atualidade, com vantagem na balança comercial para os Estados Unidos.
A referida carta menciona a imposição de uma tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos e com a exigência de interferência no Poder Judiciário brasileiro, por parte do governo brasileiro, para um possível recuo de tal imposição tarifária.
Tal comunicação oficial do Presidente dos Estados Unidos para o Presidente do Brasil não corresponde a histórica boa relação diplomática entre os dois países, entre os dois Estados Nacionais, aos princípios constitucionais das duas Cartas Magnas das duas nações, e ameaça a soberania brasileira, atingindo o Estado Brasileiro, as empresas brasileiras e, em especial, a população brasileira.
Esse manifesto, suprapartidário e supraideológico, tem como único objetivo DEFENDER O BRASIL E SUA SOBERANIA.
sábado, 12 de julho de 2025
Agência Brasil: MEC quer estender Pé-de-Meia a todos do ensino médio da rede pública
Ação custaria R$ 5 bilhões e depende de aplicação do orçamento

O ministro da Educação, Camilo Santana, declarou nesta sexta-feira (11) que quer universalizar o programa federal Pé-de-Meia a todos estudantes do ensino médio público, a partir de 2026. A declaração foi dada durante a divulgação do Indicador Criança Alfabetizada no Brasil de 2024.
Pelos cálculos do MEC, a universalização do Pé-de-Meia precisará de mais R$ 5 bilhões dos cofres públicos. Para viabilizar a ampliação orçamentária, o ministro tem conversado com representantes do Congresso Nacional.
"Eu tenho debatido muito isso com os próprios presidentes das Casas [Câmera e Senado], com a própria Comissão de Educação sobre a importância de a gente garantir, no orçamento do ano que vem, a possibilidade de ampliar os recursos para universalizar o Pé-de-Meia no Brasil."

Camilo Santana busca sensibilizar o Congresso Nacional para conseguir recursos para a universalização do Pé-de-Meia - Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O ministro relata que, ao ser lançado em janeiro de 2024, o Pé-de-Meia foi, inicialmente, destinado aos beneficiários do programa Bolsa Família. No segundo semestre, a chamada "poupança do ensino médio" foi ampliada aos estudantes da rede pública com inscrição ativa no Cadastro Único de Programas Sociais do governo federal (Cadúnico), o que possibilitou o crescimento do número de beneficiários de 2,5 milhões para mais de 4 milhões de jovens do ensino médio público, em um ano.
Camilo Santana explica que, atualmente, a renda familiar por pessoa é o critério para ter inscrição ativa no CadÚnico e, portanto, delimita quem tem direito às parcelas do benefício do programa de incentivo financeiro-educacional, que somadas podem chegar a R$ 9,2 mil nos três anos letivos do ensino médio.
"Às vezes, a diferença entre um aluno e outro, dentro da sala de aula, é tão pequena na questão do CadÚnico, na renda per capita, que não justificaria que ele também não tenha recebido o Pé-de-Meia", exemplificou.
Pé-de-Meia
O programa federal tem o objetivo de promover a permanência e a conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio público e, desta forma, democratizar o acesso e reduzir a desigualdade social entre os jovens.
Agência Brasil: Lei Brasileira de Inclusão trouxe avanços no mercado de trabalho

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI – Lei nº 13.146/2015)
completou uma década no dia 6 de julho, e, na opinião de especialistas,
consolidou-se como um marco na garantia de direitos e na promoção da
inclusão social.
A pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Liliane Gonçalves Bernardes destaca que a LBI consolida um modelo mais inclusivo de acesso ao mercado de trabalho, pois é baseada na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU (Decreto 6.949/2009).
Segundo ela, esse é um modelo baseado em direitos humanos, e vai além apenas da obrigatoriedade de contratação de pessoas com deficiência, prevista na Lei de Cotas (Lei 8.213/1991). A LBI determina que empregadores devem garantir condições de acessibilidade no ambiente de trabalho, incluindo adaptações razoáveis que não acarretem ônus desproporcional, aspectos que não eram detalhados na Lei de Cotas.
“O conceito de deficiência também é mais abrangente e holístico, pois considera não apenas a diferença corporal ou mental como base para a caracterização da deficiência. É preciso considerar as barreiras que a pessoa enfrenta em seu contexto, e o quanto a interação entre a diferença corporal e as barreiras interfe na inclusão social da pessoa com deficiência”, disse a pesquisadora.
Outro avanço importante é a tipificação da discriminação contra pessoas com deficiência no trabalho como crime, prevendo penalidades para práticas como recusa de contratação, demissão injustificada ou negativa de promoção com base na deficiência, afirma Liliane.
“A LBI também estimula o trabalho com apoio, como a mediação de profissionais de apoio e tecnologias assistivas, para manter a pessoa com deficiência no mercado de trabalho e seu desenvolvimento profissional".
"Infelizmente, ainda há muito a avançar na aplicação da lei e na redução do capacitismo, que leva os empregadores e colegas de trabalho a considerarem as pessoas com deficiência menos capazes”, destacou a pesquisadora do Ipea.
Empregabilidade em alta
Dados do Ministério do Trabalho mostram que, entre 2009 e 2021, enquanto o mercado formal cresceu 18,26%, a contratação de pessoas com deficiência aumentou 78,44%. Em 2024, mais de 27 mil trabalhadores foram incluídos por meio de ações fiscais dos auditores do trabalho.
Minas Gerais se destaca, com 60% das vagas reservadas para pessoas com deficiência preenchidas – acima da média nacional (57,8%). O estado concentra 10% das empresas obrigadas a cumprir a cota.
Segundo a auditora-fiscal do trabalho e coordenadora estadual do projeto de inclusão de pessoas com deficiência e reabilitados no mercado de trabalho do Ministério do Trabalho, Patrícia Siqueira, a pasta é responsável pela fiscalização das cotas. As empresas com 100 ou mais empregados devem ter entre 2% e 5% dos seus cargos preenchidos por pessoas com deficiência ou reabilitados pelo INSS.
“Faltam auditores para dar conta do número de empresas no Brasil. A gente tem 44 mil empresas sujeitas à cota. Há um percentual de cumprimento da cota de 58%. Então, é preciso mais fiscalização. Mas, mais do que fiscalização, precisa de uma mudança de postura na sociedade".
"As empresas são reflexo da sociedade. É preciso afastar os mitos de que pessoas com deficiência são improdutivas, não têm qualificação. É dever da sociedade qualificar essas pessoas, modificar os ambientes de trabalho para que elas possam estar no mercado de trabalho”, disse Patrícia, que é representante do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho de Minas Gerais.
A LBI também trouxe mudanças na CLT, como a flexibilização de regras para aprendizes com deficiência, eliminando limite de idade e exigências rígidas de escolaridade. No entanto, especialistas alertam que a inclusão de qualidade ainda é um desafio, exigindo mais investimento em acessibilidade, capacitação e combate à discriminação.

Lidiane Leal trabalha como recepcionista em Belo Horizonte Lidiane Leal/Arquivo Pessoal
Um programa de aprendizagem foi o caminho para Lidiane Leal, de 40 anos, se inserir no mercado de trabalho. Ela nasceu sem as duas pernas e o braço direito e é recepcionista da empresa Rede Cidadã, entidade de assistência social, em Belo Horizonte. Em seu trabalho, também atende jovens aprendizes, alguns com deficiência.
“Entrei na Rede por meio de um projeto de aprendizagem para PCD, em que fiquei como aprendiz um ano e seis meses, entre outubro de 2022 e abril de 2024. Ao fim desse programa de aprendizagem, a Rede Cidadã me contratou em julho de 2024. Já tem um ano que estou aqui com carteira assinada”, conta.
Cadeirante, ela conta que, mesmo incluída na empresa que a empregou, ainda precisa enfrentar a falta de acessibilidade diariamente para se deslocar pela cidade e garantir seu direito a sobreviver por meio do trabalho.
“Sei que as empresas têm que ter a cota para deficiente. A empresa em que trabalho tem acessibilidade, banheiro adaptado, porta de correr larga. Para os que são cegos, a dificuldade é enorme para estar no mercado de trabalho. Minha dificuldade é o transporte público. É muito difícil a acessibilidade”, diz Lidiane.
Direito à participação social
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, há uma diferença superior a 34 pontos percentuais no nível de ocupação entre pessoas com e sem deficiência em idade de trabalhar ─ mais de 14 anos. Enquanto a taxa de ocupação das pessoas sem deficiência era de 60,7% em 2022, a das pessoas com deficiência era de apenas 26,6%. Isso significa que apenas um quarto das pessoas com deficiência estava trabalhando.
Na avaliação da pesquisadora do Ipea, Liliane Bernardes, um dos principais desafios decorre do próprio modelo capitalista, em que a busca pelo lucro, somada ao preconceito, contribui para a marginalização das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
“Elas são frequentemente percebidas como mais dispendiosas ou menos produtivas em comparação aos demais trabalhadores. Soma-se a isso a dificuldade de inclusão de pessoas com deficiências mais severas por meio da Lei de Cotas: muitas empresas acabam contratando pessoas com deficiências leves, que exigem menos adaptações, e rejeitam aquelas que demandam mais recursos”, afirmou a pesquisadora.
De acordo com Liliane, outro desafio se relaciona à diversidade e complexidade da manifestação da deficiência, com diversos níveis de dificuldade e barreiras diversificadas de acordo com o tipo de deficiência o que requer estratégias diferentes para cada pessoa, de acordo com sua singularidade.
“Entretanto, considerando o direito à diferença plasmado nos tratados internacionais e na própria legislação nacional, todos os grupos têm direito à participação social e deve ser provido tratamento diferenciado para aqueles que dele necessitam, a fim de se alcançar a igualdade de oportunidades para todos”, acrescenta Liliane.
Para ela, o poder público tem o papel de regulamentar e aplicar legislações que contribuam para a inserção efetiva das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. “Daí, a importância da auditoria fiscal do trabalho, que fiscaliza o cumprimento da lei de cotas nas empresas, embora a fiscalização ainda seja insuficiente em muitos contextos”.
De acordo com a pesquisadora do Ipea, outro ponto desafiador é a existência de serviços de reabilitação e formação profissional que de fato façam a ponte entre a pessoa com deficiência reabilitada ou capacitada profissionalmente e o mundo do trabalho. A existência de um serviço articulado entre o sistema de seguridade social e o mercado de trabalho poderia ser um grande catalisador da inclusão desse grupo no trabalho, mas essas iniciativas ainda são escassas. “O acesso precário ao mercado de trabalho acaba direcionando pessoas com deficiência à busca de benefícios sociais, como o BPC”, completa.

Segunda edição da Parada PCD, que celebra a diversidade, a inclusão e o orgulho de ser PCD. Paulo Pinto/Agência Brasil
Mudança de cultura
A vice-coordenadora nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho do Ministério do Público do Trabalho, Fernanda Naves, ressalta que, apesar de a lei ter dez anos de vigência, ainda há uma série de desafios em relação à fiscalização do cumprimento das disposições, à ausência de políticas públicas realmente eficientes, e também à dificuldade do engajamento social.
“Destaco que o principal desafio é a chamada barreira atitudinal, que é o preconceito arraigado na nossa sociedade de que as pessoas com deficiência seriam incapazes. Por isso, é essencial a gente tentar mudar essa cultura por meio de campanhas, de audiências públicas, ações afirmativas para integrar as pessoas com deficiência ao mercado de trabalho, com a qualificação das pessoas com deficiência para que possam alçar cargos de destaque dentro das organizações”, disse a procuradora do trabalho.
sexta-feira, 11 de julho de 2025
Brasil247: Lula anuncia mobilização internacional para enfrentar tarifaço de Trump
Líder
brasileiro defende união de países contra medidas unilaterais dos EUA e
promete responder com ação na OMC e reciprocidade se a diplomacia
falhar


247 - Em resposta à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, em entrevista à TV Record nesta quinta-feira (10), que o Brasil recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC) e buscará uma frente comum com outras nações prejudicadas. Lula propôs a formação de um bloco de países atingidos pelas sanções tarifárias dos EUA em favor de uma reação coletiva. A ideia é transformar o caso brasileiro em um exemplo de resistência coordenada ao protecionismo de Washington, que tem prejudicado nações emergentes e enfraquecido as regras do comércio internacional.
A medida hostil do governo Trump reacende o debate sobre a autonomia comercial dos países do Sul Global e a necessidade de reformas no sistema multilateral de comércio.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva qualificou em entrevista ao Jornal Nacional da Rede Globo a medida como “inaceitável”. Lula afirmou que a medida unilateral norte-americana é uma violação das regras do comércio internacional e uma agressão à soberania econômica do Brasil. “O Brasil não aceitará passivamente esse tipo de retaliação comercial. Vamos mobilizar todos os instrumentos legais e diplomáticos disponíveis para defender nossos interesses”, declarou.
O Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) já iniciaram consultas técnicas para elaborar a queixa junto à OMC. O governo também avalia acionar mecanismos regionais de concertação econômica, como o Mercosul e o BRICS, em busca de respaldo internacional.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) manifestaram apoio às ações do governo federal e divulgaram notas públicas repudiando as tarifas norte-americanas. O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que “o empresariado brasileiro está unido na defesa de um ambiente comercial justo e previsível, conforme preconizado pelos tratados multilaterais”.
Entidades populares também reagiram com manifestações e críticas ao governo de Trump.
Analistas ouvidos pelo Valor Econômico apontam que a medida adotada por Washington tem motivações políticas e reflete a estratégia protecionista unilateral de Donald Trump. O Brasil, por sua vez, busca manter sua postura de defesa do multilateralismo e da legalidade internacional, sem ceder a pressões de curto prazo.
A reação do Palácio do Planalto se insere em um contexto mais amplo de realinhamento geopolítico do Brasil, que tem priorizado parcerias com países do Sul Global e reiterado seu compromisso com a reforma das instituições internacionais. Em reuniões recentes do G20 e da cúpula do BRICS, o presidente Lula tem enfatizado a necessidade de uma nova governança econômica mundial baseada na equidade e no respeito mútuo.
A expectativa do governo é de que o processo na OMC seja aberto nas próximas semanas. Paralelamente, o Ministério da Fazenda acompanha os impactos econômicos da medida e avalia eventuais compensações setoriais. O Brasil exporta anualmente cerca de US$ 3 bilhões em produtos siderúrgicos aos EUA, dos quais uma parte significativa será afetada pelas tarifas.
O governo brasileiro reafirmou que seguirá dialogando com os EUA, mas que não abrirá mão de defender sua indústria e seus trabalhadores. “Nossa política externa está baseada no respeito mútuo, mas também na firmeza quando os nossos direitos são violados”, disse Lula.
A ofensiva de Trump se dá em meio a crescentes tensões com os países do BRICS e críticas abertas à proposta de criação de uma moeda alternativa ao dólar para transações comerciais entre os países do grupo. “Nós temos interesse de criar uma moeda de comércio entre os outros países. Eu não sou obrigado a comprar dólar para fazer relação comercial com a Venezuela, com a Bolívia, com a Suécia, com a China. A gente pode fazer nas nossas moedas”, reiterou Lula, sinalizando que o projeto de desdolarização do comércio sul-global está mais vivo do que nunca.
Sem citar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula também ironizou a submissão do bolsonarismo a Trump. “Tem gente que se diz patriota, mas se ajoelha diante dos interesses estrangeiros. Nós vamos defender o Brasil com firmeza e dignidade”, afirmou. A declaração vem na esteira de críticas públicas de analistas e formadores de opinião que apontam a incoerência do discurso nacionalista de setores da direita brasileira frente à ofensiva do governo Trump contra o Brasil.
A resposta do governo brasileiro foi bem recebida por entidades industriais, agronegócio e especialistas em relações internacionais, que consideram fundamental a atuação multilateral e a união com países afetados para conter a escalada protecionista. Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que a retaliação americana prejudica a competitividade do setor exportador e viola princípios básicos do comércio internacional.
Movimentos sociais, sindicatos e organizações progressistas também se manifestaram em apoio à posição do governo. Em diversas cidades, entidades realizaram atos em defesa da soberania nacional e da integração regional como forma de resistência ao imperialismo econômico. A medida de Trump contra o Brasil é percebida por amplos setores como um ato de guerra comercial e agressão direta ao direito do povo brasileiro ao desenvolvimento.
O governo brasileiro sinaliza que pretende levar a questão às últimas consequências no plano diplomático e jurídico, mas também reforça a urgência de uma nova ordem econômica internacional. “Se o multilateralismo não funcionar, teremos que reforçar alianças entre os países do Sul, com base na igualdade, no respeito mútuo e na soberania”, disse uma fonte do Palácio do Planalto.
Ao fim da entrevista, Lula voltou a defender o diálogo e criticou o estilo confrontacional de Trump. “Se o presidente americano tem divergências, ele deve levar a questão a um fórum internacional, para discutir o tema civilizadamente”, concluiu.
Com essa postura, o governo brasileiro reafirma sua disposição de enfrentar pressões externas sem abrir mão dos interesses nacionais, buscando fortalecer tanto os mecanismos institucionais como os laços com países que compartilham os mesmos desafios — em nome de um comércio mais justo e de uma ordem multipolar baseada no respeito e na cooperação.
Em sintonia com o apoio da sociedade, o governo Lula se mantém firme e manda a mensagem de que o Brasil não se curvará às pressões econômicas dos EUA. externas. A aposta recai sobre a justiça internacional e a opção pela reciprocidade, reiterando uma postura de defesa da soberania e confiança no jogo diplomático.
Fonte: https://www.brasil247.com/brasil/lula-anuncia-mobilizacao-internacional-para-enfrentar-tarifaco-de-trump
Fonte: https://blogdafolha.blogspot.com/2025/07/brasil247-lula-anuncia-mobilizacao.html
quinta-feira, 10 de julho de 2025
Agência Brasil: Gastos com bets adiam graduação para 34% dos jovens em 2025
Estudo revela perfil de apostadores online e riscos para educação

Os gastos com as
apostas online esportivas estão interferindo no início da graduação em
uma faculdade particular de 33,8% dos apostadores entrevistados na
pesquisa O Impacto das Bets 2, de abril de 2025.
O estudo – que avalia como as apostas online, conhecidas como
bets, estão interferindo no acesso dos brasileiros à graduação – é da
Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes),
realizado em parceria com o instituto de pesquisas Educa Insights.
O levantamento mostra que 34,4% dos apostadores entrevistados precisarão interromper seus gastos em apostas esportivas para entrar em um curso de nível superior no início de 2026.
O diretor-geral da Abmes, Paulo Chanan, explicou que o resultado reforça uma tendência de agravamento preocupante dos números, se comparados aos da primeira edição do estudo, publicada em setembro de 2024.
“Isso indica que o fenômeno está se aprofundando e afetando, principalmente, os jovens das classes C e D. Trata-se de uma realidade relativamente nova no Brasil, que ainda carece de amadurecimento por parte da sociedade e de uma regulação mais eficaz por parte do poder público”, declarou à Agência Brasil.
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Características individuais
Ao todo, para esta segunda edição da pesquisa, foram realizadas 11.762 entrevistas entre 20 e 24 de março, para chegar em um volume de 2.317 respostas do questionário completo.
Os jovens entrevistados estão na faixa etária entre 18 e 35 anos e são das cinco regiões do país e de todas as classes sociais.
O perfil do apostador se repete, se comparado ao da primeira edição da pesquisa da Educa Insights, de setembro de 2024:
- 85% são homens;
- 85% trabalham;
- 72% têm filhos;
- 38% são da classe B; e 37%, da classe C;
- 79% têm como fonte de renda o salário do trabalho;
- 40% têm entre 26 e 30 anos; 30%, de 31 a 35 anos.
Para quem já está na graduação
A pesquisa O Impacto das Bets 2 revela que, entre os apostadores entrevistados que já estão no ensino superior, 14% deles atrasaram a mensalidade ou trancaram o curso devido aos gastos em casas de apostas.
Entre os que ingressaram na graduação em instituições de ensino superior privadas, 35% dizem que precisarão interromper gastos com apostas online.
Com base no Censo da Educação Superior 2023, a entidade que representa a educação superior particular no Brasil calcula que 986.779 estudantes podem ter impacto direto na graduação, em 2026, como consequência das apostas virtuais.
“No longo prazo, o dado mais preocupante é a projeção para 2026: quase 1 milhão de potenciais ingressantes na educação superior privada podem não efetivar a matrícula devido ao comprometimento financeiro com apostas e jogos online”, estima Paulo Chanan.
Frequência e valor
Na conclusão, o estudo mostra que as apostas fazem parte da rotina de metade das pessoas que responderam à pesquisa. Entre eles, a frequência é considerada alta: 1 a 3 vezes por semana.
Entre os que apostam nesta frequência, 41%, são da região Sudeste e 40% são do Nordeste.
Em setembro de 2024, 30,8% dos entrevistados responderam ter gasto mais de R$350 nas bets. Na edição deste ano, este percentual cresceu para 45,3%.
Perguntados sobre a recuperação de uma parte ou do valor total já destinado às apostas esportivas, 30,3% dos apostadores, em 2024, não conseguiram reaver os recursos. Enquanto que, em abril de 2024, este índice caiu para 22,9%.
O diretor do instituto Educa Insights, Daniel Infante, comparou os resultados da pesquisa recente aos da primeira pesquisa sobre o tema, realizada em setembro de 2024. “O estudo mostra que o mercado educacional ganha um novo concorrente pelo bolso do aluno potencial. Isto, aliado às mudanças regulatórias em curso, pode afetar significativamente o mercado potencial para o ensino superior privado no país”, observou o diretor da empresa do mercado de educação em entrevista à Agência Brasil.
Outros impactos
Além do acesso e da permanência no ensino superior serem afetados pelo comprometimento da renda dos apostadores online, o estudo mostra que, em abril de 2025, entre os entrevistados impactados pelos prejuízos causados pelas perdas em apostas:
- 28,5% já deixaram de frequentar restaurantes, bares ou sair com amigos;
- 23,6% já deixaram de investir em academia ou atividades físicas/esportes;
- 20,9% já deixaram de investir em algum curso, idiomas ou outro aprendizado.
Soluções
Embora não se posicione diretamente contra a regulamentação do setor de apostas no Brasil, a Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior defende que é preciso haver limites, controle e políticas públicas de conscientização sobre o tema.
“A Abmes acredita que a solução para o problema precisa ser multissetorial. O enfrentamento ao impacto das bets deve se dar com responsabilidade e dados, promovendo discussões em fóruns educacionais e políticos”, disse o diretor Paulo.
Outra solução apontada pela instituição é a realização de campanhas educativas voltadas à conscientização sobre os riscos do uso excessivo de plataformas de apostas, em diversos setores sociais, inclusive em instituições particulares de ensino.
terça-feira, 8 de julho de 2025
domingo, 6 de julho de 2025
quarta-feira, 2 de julho de 2025
Brasil247: Por que os ricaços boicotam o pagamento do IOF
'O Brasil precisa urgentemente de uma reforma tributária progressiva, que taxe grandes fortunas', defende o deputado federal Lindbergh Farias

A derrubada, pelo Congresso Nacional, dos decretos do presidente Lula que ajustavam o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) traz à tona a velha lógica perversa do sistema tributário brasileiro: os trabalhadores e a classe média pagam, mas os ricaços sonegam ou pagam pouquíssimo imposto.
Enquanto a classe média e os pobres arcam com impostos regressivos, bancos, grandes corporações e bilionários usam brechas para escapar de suas obrigações. A gritaria contra o ajuste não é sobre “aumento de impostos”, mas sim sobre o fim de privilégios escandalosos.
Um trabalhador que ganha R$ 5 mil mensais paga hoje 27,5% de Imposto de Renda, mas milionários com renda mensal acima de R$ 2 milhões pagam apenas 1,74%. É muito injusto.
É inaceitável que haja cortes em programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida e o Pé-de-Meia em vez de taxação de quem sempre lucrou às custas do povo.
O ajuste do IOF buscava corrigir essas distorções, impedindo que grandes bancos, instituições financeiras e rentistas burlassem o pagamento do imposto. A reação furiosa desses setores apenas comprova seu temor em perder regalias.
A oposição espalha a mentira de que Lula “aumentou impostos”, mas a realidade é oposta: o governo isentou do Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos e propõe ampliar o benefício para rendas de até R$ 5 mil – beneficiando 10 milhões de pessoas – e diminuir os tributos dos que ganham entre esse patamar e R$ 7 mil mensais, alcançando 5 milhões de contribuintes.
Com isso, teremos 25 milhões de famílias pagando nada ou menos do imposto de renda. Apenas 140 mil pessoas pagarão mais imposto de renda com a aprovação do projeto, aqueles que ganham acima de R$ 1 milhão por ano.
Importante lembrar que a tabela do IR ficou congelada por anos sob Temer e Bolsonaro, corroendo o poder de compra dos trabalhadores. Quem ganhava acima de R$ 1.904,00 em 2022 (apenas 1,6 salário mínimo) já era obrigado a pagar Imposto de Renda.
O discurso da “gastança” também não se sustenta: o governo contingenciou R$ 31 bilhões em despesas e reduziu o gasto público em relação ao PIB de 19,5% em 2023 para 18,8% no ano passado, enquanto os gastos reais caíram 0,7%.
Precisamos enfrentar o problema da injustiça tributária. Hoje, há isenções fiscais de R$ 800 bilhões para grandes empresas. Fala-se de cortes, mas os supersalários no Judiciário e no Ministério Público seguem intocados. O Congresso precisa enfrentar essas questões.
O Brasil precisa urgentemente de uma reforma tributária progressiva, que taxe grandes fortunas e rendas financeiras isentas de tributos. O ajuste do IOF era um passo nessa direção, mas a elite preferiu sabotá-lo.
Enquanto Lula avança na redução da desigualdade, as forças do atraso tentam impedi-lo. Os donos do poder resistem ferozmente a qualquer mudança que ameace seus privilégios. A sociedade brasileira percebe nitidamente, hoje, que de um lado há os que querem um país mais justo e, do outro, os que insistem em manter seus luxos às custas do povo.
O PT sempre teve como uma de suas principais bandeiras a construção de um país mais justo e igualitário. Para conseguirmos isso, é preciso que todos contribuam, especialmente aqueles que mais têm. A resistência à mudança só confirma uma velha máxima: no Brasil, a elite nunca aceita perder seus privilégios, mesmo que isso signifique perpetuar a desigualdade.
Lindbergh Farias é deputado federal (PT-RJ) e líder do partido na Câmara dos Deputados
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
Fonte: https://www.brasil247.com/blog/por-que-os-ricacos-boicotam-o-pagamento-do-iof