quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

14 DE JANEIRO. UMA DATA FESTIVA DE POUCAS COMEMORAÇÕES

 

Cruz. O município de Cruz foi criado em 1985, desmembrado de Acaraú, com plebiscito realizado em 8 de janeiro, cujo resultado foi publicado no Diário Oficial do Estado de 14 de janeiro, eleições em 15 de novembro, sendo eleito seu primeiro prefeito João Muniz Sobrinho (Jonas Muniz) que tomou posse em 1º de janeiro de 1986 para um mandato de três anos. O município foi criado pela Lei Estadual Nº 11.003 de 14 de janeiro de 1985. A população era de 15.000 habitantes. Teve os seguintes mandatários: João Muniz Sobrinho (1986 – 1988), Antônio Raimundo de Araújo Neto (1989 – 1992), João Muniz Sobrinho (1993 – 1996), Manoel Nelson Silveira (1997 – 2000 e 2001 – 2004) e João Muniz Sobrinho (2005 – 2008 e 2009 – 2012).

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Praia do Preá

As primeiras Leis criaram o Hino Municipal (Nicodemos Araújo), a Bandeira Municipal (Pe. Valdery) e três Feriados Municipais: 14 de janeiro (criação do município), 6 de Abril (fundação da Paróquia de São Francisco em 1958) e 04 de outubro (dia de São Francisco, Padroeiro do Município).

Quando o Distrito de São Francisco da Cruz passou a categoria de município com o nome de Cruz, não existia antena parabólica, moto, estrada vicinal com piçarra, posto de saúde, telefone, Delegacia de Polícia, sistema de abastecimento d’água, poço profundo e nem as pontes sobre o Rio Acaraú. No período de inverno, a travessia entre Cruz e Acaraú era feita de barco ou arrodeando por Bela Cruz e Marco.

No setor de infraestrutura, existia um Mercado Público, uma Praça, 14.000m² de calçamento, um prédio para Posto de Saúde, Posto Telefônico (extensão de Acaraú), um cacimbão, prédios escolares (Sede, Lagoa Salgada, Cajueirinho, Lagoa dos Monteiros, Paraguai e Caiçara), sendo dois em fase de construção. Algumas ruas já tinham denominação oficial. Já existiam os cemitérios da sede, Lagoa dos Monteiros, Paraguai (exclusivo para sepultar protestantes) e Caiçara. O analfabetismo predominava entre a população jovem até 16 anos com índice de 75%. Entre os adultos, o índice era bem maior. Na sede, funcionavam duas escolas: uma estadual e outra particular administrada pela Paróquia. Por ocasião da emancipação, apenas 26 pessoas residentes no município tinham diploma de curso Superior, segundo Nicodemos Araújo.

As estradas vicinais eram cheias de buracos e durante a quadra invernosa tornava-se intransitável. O trajeto entre Preá e Cruz, 36 km, era feito em 5 horas. Os principais carros de horários, que ligavam a sede à zona rural pertenciam a José Leorne, saindo de Paraguai, Tomás e Wilson saindo do Preá, Miguel Arcanjo Alexandre (Paraguai), Manoel Eugênio (Cajueirinho), Jinó, saindo do Distrito de Aranaú e outros. A rede elétrica foi inaugurada em 31 de julho de 1972, sendo Governador do Ceará Cesar Cals de Oliveira Filho e Prefeito de Acaraú João Jaime Ferreira Gomes. Beneficiava parte da sede e posteriormente as comunidades de Lagoa Salgada, Cajueirinho, Lagoa dos Monteiros e Paraguai. A sede contava com um posto de abastecimento de combustível, duas farmácias e duas casas residenciais (pensão) que hospedavam os visitantes e uma pequena serraria. Os pequenos comerciantes da zona rural faziam suas compras nos armazéns da cidade e transportavam as mercadorias nos carros de horários.

O atendimento odontológico era feito por práticos que atuavam na sede e nas comunidades rurais. Sem técnica, sem higiene e sem estrutura adequada, mas eram considerados “Anjos da Providência”, pois aliviavam a dor e o sofrimento de muita gente. A cárie dentária atingia mais de 90% da população do município. As próteses tortas eram mal feitas, mas devolviam o sorriso às pessoas desdentadas. As parteiras atendiam à domicílio. Nascia a criança feliz. Quando o caso era grave a parturiente era transportada em lombo de animais, redes ou usavam canoas para atravessar o rio cheiro até chegar ao hospital em Acaraú ou viajava de barco pelo mar até Camocim. Os pescadores pertenciam à Colônia Z-1 de Camocim. No atendimento aos doentes destacaram-se as figuras de João Altervir de Freitas (João Ciríaco), seu principal protagonista, e o Vereador Raimundo Bastos residente em Paraguai. Cada comunidade tinha seu curandeiro, que com rezas e garrafadas afastavam todos os males. As geladeiras e as lâmpadas eram à gás butano. Fogão a gás era muito pouco usado, pois a situação financeira da época não permitia para a maioria da população. A quantidade de veículos no município era muito pequena e todos eram identificados pela população. As pessoas eram simples e humilde, mas muito acolhedoras.

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Igreja Matriz de São Francisco

O município tinha a Igreja Matriz e uma capela na sede e as Igrejas de Nossa Senhora das Graças em Lagoa dos Monteiros e São Francisco de Caiçara. Dois padres administraram a Paróquia: Monsenhor José Edson Magalhães (falecido) e Monsenhor Manoel Valdery da Rocha. Já existiam as Igrejas Protestantes em Cruz, Poço Doce, Paraguai e Preá com várias denominações. Na sede do município, existia um posto da EMATERCE, SEFAZ e COELCE, fábrica de gelo, todos extintos. Antes da emancipação, já funcionava uma Agência dos Correios, uma Agência Bancária do BRADESCO e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, uma Indústria de Cerâmica e uma fábrica de cera de carnaúba. Havia uma grande produção artesanal de tijolos nas margens do Rio Acaraú, na comunidade de cajueirinho e Lagoa da Formosa, atividade que foi abandonada. A fabricação de redes de tear nas comunidades de Porteiras e Lagoa Salgada já não existe mais. A confecção infantil e o artesanato de linha fazem parte da principal atividade econômica do Município ao lado da cultura do cajueiro. As praias de Formosa, Preá e Mangue Alto, as Lagoas de Jijoca, Formosa, Monteiro e o Açude da Prata são os principais atrativos para os turistas. O município conta com a presença de alguns escritores e poetas populares: Os repentistas, José Alfredo Muniz, João Martins dos Santos, Severino Freire, João Abraão, João Bosco Peixoto (João da Mota), Ivo Martins e Sebastião Teixeira dos Santos e os escritores populares Messias Marques, Antônio Pedro (falecido), Antônio dos Santos, Zeca Muniz (falecido), Ivo Martins e Maria Elizabeth Albuquerque. Ainda existem grupos brincantes de reisado. O esporte mais praticado no município é o futebol de campo e, aos pouco, estão surgindo alguns times de futsal nas escolas. As principais festas religiosas é a Festa de São Francisco de Cruz e Vila de Caiçara, Nossa Senhora das Graças em Lagoa dos Monteiros e A tradicional Festa de São José em Preá. O principal comércio de Cruz é o varejista. Na Vila de Caiçara, a Festa do Gado é uma tradição que resiste à décadas. O Santo Cruzeiro, em Vila de Caiçara, é um dos maiores símbolos da religiosidade de seu povo.

Dr. Lima

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