O presidente participou da cerimônia de posse de Maria Rita Serrano, a nova presidente do banco
A nova presidente da Caixa, Rita Serrano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante a cerimônia de posse, em Brasília (Foto: Valter Campanato - Agência Brasil)
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou nesta quinta-feira (12) a importância que a Caixa Econômica terá no seu governo, para ajudar a população a ter mais condições de consumo e renegociação de dívidas. De acordo com o petista, a instituição precisa voltar "a ser um banco muito mais forte, um banco que empreste dinheiro muito mais barato, com juros muito mais barato, sem perder dinheiro, porque o banco precisa dar um lucro pra poder continuar sobrevivendo".
"Eu tenho certeza que você saberá conduzir essa casa com a maior capacidade, que te permitiu chegar a 33 anos de trabalho na Caixa Econômica", disse Lula em Brasília (DF) na cerimônia de posse de Maria Rita Serrano, a nova presidente do banco.
Entre as primeiras medidas anunciadas pela nova dirigente está a suspensão do empréstimo consignado para o Auxílio Brasil.
Agora veja a íntegra do pronunciamento de Lula:
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Olhe, eu tinha sido procurado pelo companheiro Igreja, que é o chefe do Cerimonial, e ele perguntou se eu iria falar e eu disse que não precisava falar. Porque nós temos que compreender que hoje a festa é da companheira Maria Rita. Não só porque ela foi eleita presidenta da Caixa Econômica, mas porque ela tem uma história de 33 anos na Caixa, de dedicação. E trouxe sua família para prestigiar a sua ascensão dentro da Caixa Econômica, ao posto mais importante da Caixa Econômica Federal.
Portanto, eu acho, querida, que hoje é o teu dia de glória, é o teu dia mais importante e nós viemos aqui para comemorar com você. Você foi escolhida porque você tem uma história. Você foi escolhida porque muita gente me deu referência de você, a começar de uma companheira sua, chamada Maria Fernanda.
Eu só espero, Maria Rita, que você se dedique à Caixa Econômica Federal, na Presidência, aquilo que você dedicou como funcionária, aquilo que você dedicou como militante sindical, como militante política e como militante social.
Eu tenho certeza que nós vamos viver um novo período nesse país. Eu acho que o Brasil cansou de muita tristeza, o Brasil cansou de muito ódio, de muita raiva. O Brasil cansou de muitas ofensas e eu acho que o Brasil conquistou o direito de voltar a sorrir, o direito de acreditar na felicidade. O direito da gente voltar a nos tratar de forma mais humanista, mais fraterna, mais democrática, porque é isso que é o Brasil.
O Brasil é isso, o Brasil é alegria, o Brasil é música, o Brasil é samba, o Brasil é futebol, o Brasil é Carnaval, o Brasil é cultura, o Brasil é essa miscigenação extraordinária de índios, negros e europeus, que deu essa raça extraordinária chamada de povo brasileiro. E você faz parte disso, querida. Você mesmo sendo galega, sabe, com essa cara de europeia, você é uma companheira que tem um valor imenso dentro da Caixa. Eu sempre acho que eu não conheci a Caixa como [...], eu não tratava vocês como bancários. Quando comecei a militar no sindicato, quem trabalhava na Caixa era "economiário", era assim que eu conhecia. O Wellington foi "economiário", lá no estado do Piauí.
Então, eu acho que a Caixa tem um papel extraordinário nesse país. Eu pude sentir isso mais de perto quando a gente instituiu o Minha Casa, Minha Vida. Eu pude saber a força da Caixa Econômica Federal em ajudar a financiar a casa para as pessoas que menos podiam ter as coisas nesse país.
E hoje, Emílio, eu acabei de fazer uma reunião com o ministro das Cidades, acabei de fazer uma reunião com o ministro de Transporte, acabei de fazer uma reunião com o ministro do Desenvolvimento, sabe, Regional, e posso te dizer o seguinte: se prepare, porque ainda esse mês a gente vai ter muita coisa para inaugurar nesse país. A gente vai ter muita casa que começou ainda no governo da Dilma, a gente vai ter casa para inaugurar este mês ainda que começou a ser feita pela companheira Dilma, ficou paralisada e vai continuar. E nós temos milhares de casas para inaugurar, todas começadas no governo da companheira Dilma Rousseff. Da mesma forma que muitas obras e muitas obras de infraestrutura, também começadas no governo do PT, nós vamos voltar a inaugurar. Nós começamos, deixamos aí pensando que os outros iam fazer, os outros não fizeram. Nós voltamos e vamos inaugurar aquilo que nós mesmos começamos a fazer.
Eu estou convencido que a Caixa vai voltar a crescer. Estou convencido que a "bancarização" do povo pobre deste país vai aumentar muito. Estou convencido que a gente vai voltar a gerar emprego. Estou convencido que a gente vai melhorar a massa salarial. E você viu, Maria Rita, o que é trabalhador feliz. Você viu como você foi aplaudida aqui, pelos funcionários da Caixa, que estão felizes com a sua ascensão à presidência da Caixa Econômica Federal.
Nós voltamos a governar esse país porque nós temos uma missão. Nós temos uma missão. A gente tem vários compromissos, mas o mais importante é que a gente vai ter que fazer muitos investimentos e muita dedicação na chamada "educação brasileira" e, dentro da Educação, o ensino fundamental. Nós precisamos que as nossas crianças que estejam no ensino, sabe, na quinta, na quarta, na sexta série, aprendam a ler de verdade, aprendam a fazer suas continhas direitinho. Porque se ele não aprender na primeira infância, ele vai ter mais dificuldade quando for adulto, quando tiver na universidade.
Nós vamos ter que investir muito na Saúde, porque nós vamos garantir que as pessoas mais pobres tenham direito aos chamados especialistas. Porque muitas vezes as pessoas mais pobres vão no médico, vão em uma UPA, vão em uma unidade de saúde em qualquer município pobre, quando o médico dá receita ou faz um diagnóstico que constata que precisa procurar um cardiologista, um oftalmologista, um especialista, um otorrino, ou seja, essa pessoa não tem. Às vezes fica dez meses, onze meses, dois anos, sem conseguir fazer um exame, sem conseguir o tal do especialista. E nós vamos fazer com que esse tal desse especialista se transforme em uma coisa fácil de acesso ao povo trabalhador, ao povo pobre deste país.
E a terceira coisa que ainda vamos fazer é tentar acabar com a fome outra vez nesse país. Eu, quando saí da Polícia Federal, a primeira coisa que eu fiz foi ir a Roma conversar com o Papa Francisco. Depois de Roma, nós fomos a Genebra conversar com o Conselho Mundial das Igrejas, porque eu queria começar uma campanha mundial contra a desigualdade. Não é possível que em pleno século XXI, em que a gente detém todas as tecnologias, todos os avanços genéticos que o mundo pode avançar, para produzir alimentos para todo mundo e você ainda tenha 900 milhões de pessoas indo dormir com fome toda noite.
Não é possível que a gente more em um país, que é o maior produtor de proteína animal do planeta Terra, e a gente é obrigado a ver na televisão uma pessoa catando osso na fila de um açougue. Ou seja, isso não é falta de produção, isso não é falta de outra coisa, a não ser falta de vergonha na cara das pessoas que governam esse país que não tem nenhum sentimento. Para muitos governantes nesse país, essas pessoas são apenas resultados de pesquisa. Essas pessoas são números. Para nós, essas pessoas não são números, essas pessoas são seres humanos, como nós, que não tiveram a mesma oportunidade que nós tivemos.
Então somos nós, que conquistamos o direito de trabalhar, que conquistamos o direito de tomar o café de manhã, de almoçar e jantar, que conquistamos o direito de ser tratado com civilidade e de ser um cidadão que temos que estender a mão.
Hoje eu dizia, em uma reunião junto com os companheiros da imprensa, que a gente precisa construir uma narrativa diferente nesse país, uma narrativa diferente, porque tudo que a gente faz é gasto. Tudo! Se eu compro comida é gasto, se eu coloco dinheiro para dar comida para o pobre é gasto. Se eu vou fazer o Bolsa Família é gasto. Se eu coloco dinheiro na Saúde é gasto. Se eu coloco dinheiro em qualquer coisa é gasto, na Educação é gasto. A única coisa que não é tratada como gasto nesse país é o dinheiro que a gente paga de juros para o sistema financeiro. Este, eles não tratam como gasto, possivelmente eles tratam como investimento. Então, nós precisamos mudar a narrativa da economia, Almir.
Daqui pra frente, gente, tudo que a gente fizer é investimento, até aumentar salário é investimento! Por que é gasto? E a gente faz um aumento de salário naquilo que é mais elementar, às vezes, é 5%, às vezes é 8%.
Os caras da Eletrobras… ela foi privatizada, "porque empresa pública não dá certo e tinha que privatizar". Os caras da Eletrobras, que ganham 60 mil reais por mês, passaram a ganhar mais de 360 mil reais de salário. E vou dizer pra vocês, o Conselho da Eletrobras, Haddad, paga 200 mil reais por mês pro cara ir uma vez por mês numa reunião. Enquanto isso, a gente não pode dar um aumento de salário de 3%, porque é gasto. Não está certo! Não é possível! E nós vamos ter que construir uma outra narrativa nesse país.
Tudo que a gente fizer para melhorar a vida do nosso povo, tem que ser tratado como investimento! E é pra isso que me dispus a enfrentar esse genocida, ganhar as eleições, para que a gente mude outra vez a história do Brasil. E, eu tenho certeza, companheira Maria Rita, que nós vamos contar com a Caixa Econômica outra vez, vamos contar com seu apoio, com a solidariedade dos funcionários da Caixa Econômica, para que a Caixa Econômica volte a ser um banco muito mais forte, um banco que empreste dinheiro muito mais barato, com juros muito mais barato, sem perder dinheiro, porque o banco precisa dar um lucro pra poder continuar sobrevivendo. Eu tenho certeza que você saberá conduzir essa casa com a maior capacidade, que te permitiu chegar a 33 anos de trabalho na Caixa Econômica.
Parabéns, querida, a você. Que Deus te abençoe, que você tenha toda a sorte do mundo na presidência da Caixa, como você teve na sua vida o tempo inteiro. Parabéns aos seus familiares e parabéns a todos os economiários. Continue assim, porque o Brasil precisa de bancos públicos.
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